
Tirei as amarras
Cortei as cordas
Mas tristemente te amo.
Queria-te perto
Mas nem tão perto assim.
Queria-te para o amor lírico
E não para o ódio orgulhoso.
Dentro de mim,
Tudo permanece meu.
E o teu olhar me cegou por vezes
E as tuas mãos me calaram.
Agora eu quero uma canção só minha
Sem nenhuma espera
Sem nenhum temor.
Pudesses ficar ao meu lado
Sem essa tua necessidade de controle
E falsa segurança...
Eu ouço o silêncio da tua ausência
E até ela murmura: ‘’está presa’’.
A tua voz de noite
Sussurra-me um sonho triste
E a tua alma
Vem pensar nos meus pesadelos.
Tu estás vivo, e já morreste
Tu queres perto, e estás distante.
O teu cadáver deita ao meu lado
E conversamos sobre coisas da vida
O teu cadáver ama-me apaticamente.
E a tua alma senta no meu colo à noite
Ela chora feito criança faminta
Ela tem medo de me deixar.
Tua vida se prende à minha
E não sei mais desatar o nó.
O meu reflexo no vidro
Carrega duas crianças pelas mãos
Uma é teu cadáver
E outra é tua alma.
E me vejo grávida, com lágrimas nos olhos
Grávida da tua vida.
Que nunca darei à luz.
E sigo muda, pelas ruas imundas e vazias.
O meu amor não tem mais cor.
O teu amor não mais me basta.
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